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Sexo , Morango e Videotape - Videos intalações de Pipilotti Rist


Diante de uma obra da suíça Pipilotti Rist, tem-se quase sempre a sensação de entrar em um sonho. Ou de voltar à infância, quando cenários coloridos e grandiosos são suficientes para ativar a imaginação. Com o tempo, em um mundo tomado por imagens, parece que desenvolvemos uma espécie de imunidade aos apelos visuais. Por isso, conhecer Pipilotti torna-se algo tão marcante. Suas videoinstalações conseguem furar a barreira da indiferença e proporcionam ao espectador uma experiência singular. Com projeções que tomam paredes inteiras dos espaços expositivos, trilhas sonoras e tons saturados, a artista explora os limites entre o racional e intuitivo, o físico e o psicológico. Esqueça portanto os vídeos exibidos em telas planas, ainda comuns entre os que trabalham com a linguagem audiovisual. Um clima de fantasia dominará o Paço das Artes e o Museu da Imagem e do Som, ambos em São Paulo, neste mês. O MIS receberá A Liberty Statue for London (Uma Estátua da Liberdade para Londres), obra criada em 2005, e adaptada pela artista especialmente para o museu. Já no Paço estarão dez trabalhos que pontuam diversos períodos de sua carreira.
Aos 47 anos, Pipilotti, que vive atualmente entre Zurique e Los Angeles, acaba de lançar no Festival de Cinema de Veneza, no mês passado, o seu primeiro filme. Pepperminta conta a história de uma menina que mora em uma espécie de arco-íris e tem morangos como bichos de estimação. A produção era bastante esperada, principalmente depois de sua elogiada individual no Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMA, no ano passado. A artista que adora se vestir com cores vibrantes, exatamente como suas personagens, integrou uma banda, a Les Reines Prochaines, entre 1988 e 1994 - o que em parte explica a importância da música em suas criações -, e em 1997 ganhou o Prêmio 2000 da Bienal de Veneza com Ever is Over All (algo como Sempre Está Acima de Tudo), peça que hoje integra o acervo do MoMA.
Ever Is Over All virá para o Paço das Artes. Na videoinstalação em azul e vermelho bem fortes, vê-se em câmera lenta a própria artista andando pela calçada e quebrando as janelas dos carros estacionados na rua com o talo de uma flor tropical. Uma policial chega a presenciar o ato de vandalismo, mas sorri para Pipilotti de forma condescendente. Somam-se à obra premiada os trabalhos I Couldn't Agree with You More (Eu Não Poderia Concordar mais com Você), feito em 1999, Apple Tree Innocent on Diamond Hill (Uma Inocente Macieira no Monte Diamante), de 2003, entre outros. Em Laplamp (Lâmpada de Colo), de 2006, um vídeo é projetado no colo do espectador. Já a instalação The Room (A sala), criada entre 1994 e 2007, convida o visitante a lidar com proporções invertidas. Um sofá, um abajur e até um controle remoto compõem a peça, só que em tamanhos bem maiores do que os convencionais.
Mas não se engane. Nem só de ironia e emoção alimentam-se as obras de Pipilotti. Ela fala de questões femininas, entre elas o jeito como as mulheres lidam com o próprio corpo e temas ligados à sexualidade. "Acho que ela trabalha de uma maneira interessante as políticas de gênero, sem cair num discurso enfadonho ou partidário: a favor da mulher, contra os homens", diz Giselle Beiguelmann, artista multimídia e diretora artística do Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia, promovido em São Paulo há nove anos. Pipilotti Rist sabe ao mesmo tempo despertar sensações e tocar em assuntos sérios. Esbanja ainda habilidade para circular em diversas mídias, da música ao cinema, e assim faz uma arte com a cara do nosso século.
FONTE BRAVO

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