Páginas da internet, rolos de papiro e Idade Média
Não, William Blake não foi medieval. No entanto, sendo vivo hoje, William Blake ouviria The Doors ou leria Aldous Huxley? Certamente. Leria com o critério e com o juízo daqueles moralistas que se prendem às regras do bom costume e da boa norma? Com certeza não. Blake tinha na veia o fervor religioso, embora fosse lúcido e "antenado" o bastante ( sabia de antemão que a beleza e o divino estão um para o outro como a mão e a luva) para saber que as regras e leis do divino não se coadunam com falsidade e moralismos. E tinha consciência o bastante para verificar por si mesmo (e não de segunda mão) que os acordados tem um mundo em comum, enquanto os que dormem estão, cada um, em seus próprios mundos.
E daí?
Daí que nada do que se faz hoje em literatura e artes (e que a mídia promove com ardor) possui encanto e beleza bastantes para suplantar o que se fez nessas áreas na Idade Média, por exemplo, quando da invenção das Universidades, para citar um ponto crítico. Não recorro a tais elucubrações históricas ou de historiografia para traçar uma viagem ou um retorno à "Idade das Trevas". A beleza vista a partir da contemporaneidade não chega aos pés do que foi realizado noutras épocas.
E não venham dizer que as novas invenções tecnológicas são o máximo em beleza por si mesmas. A paixão futurista pela máquina não me apetece. Viver é de cada um. Não me aprouvem viver na Idade Média, para quem gosta, que viva na Idade Média. Só não venham dizer que não existiam pergaminhos e rolos de papiro na Idade Média.
Mauricio Duarte
ilustrador, artista visual e escritor
Site: http://sites.google.com/site/conspiracaodeconsciencia/home
Blog: http://blogs.abril.com.br/konspiro
Livros: http://www.bookess.com/read/1956-conspiracao-literaria-antologia-de-contos-neoistas/
http://www.bookess.com/read/7152-conspiracao-quadrinhografica-contos-de-inspiracao-neoista/
Galerias de artes visuais: http://www.arteatual.net/art-mauduarte.htm
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Um comentário:
Boa Cara, gostei do seu texto. Um enfoque onde é necssário chegar sobre a beleza, a arte. Porque achar que a temática tão pobre e sem estética é o caminho da arte contemporânea?
Chrystian
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