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SERGIO LUCENA no ESPAÇO CULTURAL CITI

Cenas da Vida de um Pintor - Mostra inédita com 18 obras de três momentos da carreira do artista.
Espaço Cultural Citi Av. Paulista 1.111








O viajante imóvel.

Jacob Klintowitz

Esta poderia ser uma biografia, mas é só um percurso de busca: Sergio Lucena nasceu na Paraíba, morou na Chapada dos Guimarães, em Berlim, Washington DC. e, agora, em São Paulo. Aqui se trata do sensível, do seu caminho e da intensidade do chamado. E esta mostra apresenta esta trilha através do dado real, momentos diferentes de sua pintura: sátira, animais sagrados, o eixo do mundo e paisagens metafísicas.
É possível que o pintor Sérgio Lucena seja o último paisagista da longa tradição brasileira que já nos deu artistas do porte de José Pancetti e Alberto da Veiga Guignard. Mas a sua é uma paisagem que não parece localizada em algum lugar reconhecível.
Curioso percurso deste gênero: começou quando Georg Grimm abandonou o recinto fechado da Academia Imperial de Belas Artes e a sua herança de “luz francesa”, para pintar ao ar livre, nas ensolaradas praias de Niterói. E, ao que parece, chegou ao ponto de, com Lucena, situar-se numa região geográfica inexistente, numa espécie de sitio espiritual da qual a paisagem é a emanação pictórica. Um belo percurso: artificial, a cor e a luz brasileira e, ao final, o registro de uma paisagem da alma.
Talvez essa pintura sutil possa, em alguns momentos, ser identificada com a abstração geométrica. Entretanto, nem sempre isso é factível, pois, na essência, não se propõe a tratar de relações exatas. Ao contrário, ela mantém a intensidade da emoção. O que emociona nestas imagens? Sem dúvida a qualidade da pintura, mas também há uma recuperada memória, quem sabe o sentimento de algo imemorial, ou o ressurgir de uma sensação que parecia para sempre perdida.
A pintura de Sérgio Lucena é a revelação de um continente individual. Não de um lugar mensurável, mas transcendente. Entretanto, este continente submerso que emerge completo e individual, é humano e, por nuclear, semelhante ao humano. É onde convergimos, o contemplador e a pintura, neste núcleo primevo. Ao pesquisar e revelar o continente oculto, este mítico continente que nunca submergiu, pois sempre esteve ali, o artista registra o nosso acervo, o que é comum a todos. E o contemplador amplia os limites de seu universo ao se reconhecer na paisagem utópica.



Sergio Lucena http://www.sergiolucena.net/
Pintor e desenhista nascido em João Pessoa, Sergio Lucena exibe em Cenas da Vida de um Pintor pinturas que pontuam sua carreira sem a intenção de retrospectiva. A idéia é apresentar ao publico paulistano um pouco da trajetória do artista antes de radicar-se na cidade, um périplo que se inicia na Paraíba, passando pela Chapada dos Guimarães/MT, Berlim, Washington DC. e São Paulo. A mostra, com curadoria de Jacob Klintowitz, é composta por dezoito obras. Apenas duas são antigas, A Banda (guache de 1982), e Arauto (óleo de 1995). Sete são intermediárias: três pinturas da série Deuses (de 2003 a 2006) e quatro paisagens da fase de transição para o momento atual, representada por nove pinturas que compõe a soma e a essência do percurso: as pinturas a óleo em grandes formatos, são o ponto alto da mostra, a série inédita Aenigma Lucens, pintada entre 2007 e 2009. Cenas da Vida de um Pintor abre no Espaço Cultural Citi da Av. Paulista em 14 de setembro e encerra no dia 30 de Outubro de 2009.

Fonte: Jornal Rio Cultura


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