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Entrevista com Artista Plástico, Arte-Educador Alexandre Lucas




Alexandre Lucas





Formado em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acarau - UVA/CE e com especialização em Língua Portuguesa e Arte-Educação pela Universidade Regional l do Cariri – URCA/CE, poeta, artesão, artista visual (autodidata), coordenador do Coletivo Camaradas (http://www.coletivocamaradas.blogspot.com/), secretário de comunicação do Partido Comunista do Brasil – PCdB, Coordenador do Projeto Leituras Negras, assessor técnico cultural do Instituto Ecológico e Cultural Martins Filho – IEC ambos vinculados a URCA.


Como surgiu as primeiras impressões do artista e quando surgiu o interesse pelas artes visuais?



Convivi desde criança num espaço propício para as artes e com a liberdade para manipular e experimentar materiais. Sou filho de sapateiro e minha mãe é costureira. Minhas tias paternas sempre gostaram de mexer com artesanato e eu era incentivado a cortar papeis desenhar, colar, pintar. Lembro que ficava junto dos meus primos cortando e colando as imagens das revistas de cosméticos na casa da minha avó. Outra influência foi um tio meu que era envolvido com escolas de samba e isso me proporcionou contato com a produção das fantasias, dos adereços, da fabricação dos instrumentos e dos ensaios. Em 1989 fiz meus primeiros cursos nas áreas de artes e desde esse tempo venho produzindo algo com alguns intervalos.




Todo artista no começo de seus trabalhos passa por um período de lapidação das idéias, dos conceitos, então qual foi sua maior influência?





O contato com o Partido Comunista do Brasil – PCdoB que de forma incisiva proporcionou leituras de mundo que norteiam o meu trabalho e foi através do Partido que mantive contatos com pessoas ligadas a uma compreensão marxista que subsidiaram a minha visão de arte, como é o caso Salete Maria, Cacá Araújo, Rosemberg Cariry, dentre outros.


Quais técnicas você utiliza? Por que?


Não me prendo as técnicas, mas ao conteúdo do fazer artístico. Às vezes não utilizo nenhuma técnica, apenas idéias, tendo em vista que desenvolvo trabalhos ligados a arte contemporânea e isso proporciona uma liberdade mais intensa. Utilizo vários materiais para produção dos meus trabalhos, como fotocópias, computador, lixo, audiovisual, tinta, placas e até alimentos já utilizei. Então não utilizo uma técnica porque a minha inquietude não permite. Sinto a necessidade de experimentar várias possibilidades nas minhas experimentações artísticas e cada obra ou ação serve para que eu faça um trabalho de percepção, é como se eu fosse o detetive do meu trabalho, isso permite uma dinâmica de compreensão maior da realidade e do próprio trabalho.

Fale-me como é o seu processo de criação.




O meu processo atual de criação é muito preso ao desejo de envolvimento do público. Por isso meu trabalho tem essa característica de envolvimento de pessoas, de espaços, de circulação e isso pra mim é positivo. Mas acredito que esse processo criativo ocorre da pesquisa e da observação da realidade, então os “estalos” ocorrem dentro deste contexto e não de uma inspiração, como muitos acreditam. Meu processo criativo é fruto de uma relação e de um embate com esse mundo.


Por que você faz arte?

Boa Pergunta, mas de difícil resposta. Mas esse encantamento que tenho pelas artes é originado pelas condições de incentivo ao fazer manual na infância que posteriormente contribuiu para uma compreensão do meu fazer e pensar artístico. Então faço arte para a vida, para refletir a realidade, para contribuir no processo de humanização e me proporcionar prazer.

O que é arte para você?


É produção humana. Essencialmente produção humana efetivada num tempo e espaço e, por conseguinte carregar aspectos da sua época. A arte é muita coisa e sou fiel defensor que ela deva servir para o processo de humanização dos indivíduos. No entanto acho perigoso definir o que é arte, pois várias são as concepções e isso pode ocorrer no reducionismo e no enquadramento dos artistas e do seu fazeres e poderia cair no erro do Realismo Socialista, o que provocou sérios prejuízos ao processo da fruição e desenvolvimento das artes. No entanto discordo severamente do fazer arte pela arte que é exacerbadamente difundido pelas correntes do pensamento burguês.

Qual a sua opinião sobre o cenário artístico caririense?



Acredito que existe um processo de mudança de hábitos proporcionada por uma política macro do Governo Federal, através do Ministério da Cultura que está desenvolvendo uma política pública de cultura nunca vista neste país. Vários são os exemplos e um dos principais e a possibilidade de empoderamento da sociedade civil que se coloca como protagonista desta história, através do Sistema Nacional de Cultura podemos perceber várias ações como conferencias da Cultura, a criação dos fundos e conselhos, a política de descentralização de recursos e o grandioso Programa dos Pontos de Cultura que são exemplos que repercutem nos estados e nas cidades, forçando que os gestores nas mais diversas instâncias, estaduais e municipais assumam seu papel de promotores de políticas públicas.
No Cariri não é diferente esse política proporciona impactos positivos. A vinda do próprio Centro Cultural do Banco do Nordeste viabilizou uma nova forma de encarar o artista, tratando-o como trabalhador como qualquer outra pessoa que veste, come, paga aluguel, mantém família, etc.
Até pouco tempo se tinha nos segmentos do setor público uma visão de chamar os artistas para “divulgarem o seu trabalho”, como se eles não precisassem se mantém do seu trabalho.
No entanto, ainda persiste um cenário alicerçado em praticas do passado, principalmente nas cidades de pequeno porte. Neste sentido é preciso criar políticas públicas para a Cultura e não políticas de eventos para a Cultura.
É preciso que os artistas saiam dos seus casulos, dos seus ateliês e ganhem as ruas, que se organizem e aproximem-se das discussões políticas. Todos os exemplos de avanços e conquistas são resultado da organização e da luta política do nosso povo. Se quisermos um novo tipo de cultura que não seja uma cultura mercantil temos que cair na luta por mudanças.

Qual a sua opinião sobre políticas públicas para as artes visuais?



Acredito que precisamos avançar, mas só vamos conseguir isso com luta e organização. Na região não temos políticas públicas para as artes visuais. O que temos são ações de Secretarias, muito tímidas e sem recursos e uma política de Banco, como é o caso do Centro Cultural do Banco do Nordeste. Já o SESC é uma empresa privada. O que vem caracteriza uma política pública é uma ação que envolver elementos jurídicos, por exemplo que sejam capazes de ter permitir a continuidade após a mudança de gestores.


O que vocês diria às pessoas que acham arte um hoobie?


A arte é trabalho. Por sinal muito trabalho. Tenho uma compreensão muito particular sobre arte, acho que ela deve ser envolvimento. Para mim arte tem que ter cheiro de gente e sabor de vida.



O que você diria ao governo municipal sobre melhorias no Centro Cultural do Araripe e no Crato, e o que sugeria?




Primeiro que é preciso criar mecanismos de participação efetiva dos diversos segmentos da cultura na gestão das políticas e dos recursos. Neste sentido é urgente a criação do Fundo e do Conselho Municipal da Cultura e em terceiro aponto para a criação de uma política de editais, como já vem ocorrendo na União, nos Estados e em diversos municípios.
Atualmente a Secretaria da Cultura do Município é uma das que mantêm o maior numero de equipamentos culturais e sem recursos suficientes para manter-los. Então, o Centro Cultural do Araripe é um dos espaços que devem ser dinamizados, bem como outros, a exemplo do Projeto Rabo da Gata desenvolvido quando Rosemberg Cariry era Secretário da Cultura, um dos maiores modelos de política intersetorial promovida por uma Secretaria da Cultura do Crato.
Por isso acredito que uma forma de viabilizar essas questões é instituindo políticas públicas conseqüentes e não promovendo políticas de eventos, o que é importante, mas não cria vínculos de continuidade e de beneficiamento real do segmento da cultura de forma plural.




Alguns dos trabalhos deste artista


Exposições Coletivas:
2009
Exposição Cabaré Memórias de uma vida. Realização: Coletivo Camaradas. Centro Cultural do Banco do Nordeste CCBNB Cariri. Março/ Juazeiro do Norte-CE;
Exposição Ninho ( Exposição com trabalhos de dententos e detentas das cadeias públicas das cidades de Crato e Várzea Alegre. Realização: Comissão dos Direitos Humanos da OAB – Subsecção Crato. Fórum Hermes Parayba - Curadoria. Fevereiro/Crato-CE
Exposição Cariricaturas – Representações da Cultura no tempo e no Espaço - II Colóquio Imago. Realização Grupo de Estudos e Pesquisa Imago da Universidade Regional do Cariri – URCA. Junho/Crato-CE.
2008
II Agosto da Arte. Centro Cultural do Banco do Nordeste – CCBNB CARIRI. Juazeiro do Norte/CE
Mostra 8 de Maio – Sesc Iracema. Fortaleza/CE. Realização Associação dos Artistas Profissionais do Estado do Ceará.
I Mostra desUSA de Artes Visuais. Crato/CE. Realização: Coletivo Camaradas.
2007
Mostra Sesc Cariri de Cultura. Instalação Coletiva “Contradição”. Realização: Serviço Social do Comércio - Sesc.
Agosto das Artes. Intervenção Urbana “Músicas para reflexão”. CCBNB Cariri Realização: Centros Culturais do Banco do Nordeste
I Mostra de Artes Cênicas do BNB. Instalação “Rolos da Vida”. CCBNB Cariri. Realização: Centros Culturais do Banco do Nordeste.
2006
Incluídos - Mostra Coletiva de Arte Contemporânea. Crato/CE. Universidade Regional d o Cariri – URCA. Realização: Grupo de Artistas do Crato.
Um Passeio Surreal – Instalação Coletiva com alunos do Curso de pedagogia da Universidade Regional do Cariri – URCA
2005
Mostra Sesc Cariri de Cultura. Instalação “Subindo pelas Paredes”. Realização: Serviço Social do Comércio - Sesc.
1997
Arte na Praça. Juazeiro do Norte. Realização: Associação dos Artistas e Amigos da Arte – AMAR.
Exposições Individuais:
2009
Exposição Ousadas. Realização: Centro Cultural do Banco do Nordeste – CCBNB. Junho/Sousa-PB
Exposição Aflordapele. Realização: Sesc. Maio/Juazeiro do Norte/CE 2009
2008
O que é Isso? Centro Cultural do Banco do Nordeste – CCBNB Cariri. Agosto Juazeiro do Norte/CE
InfoMULHERES (instalação). Crato/CE. Semana da Mulher. Realização: Conselho Municipal dos Direitos da Mulher Cratense.
2007
Exposição infoMULHERES. Crato/CE. SESC
Artista Come ( instalação). Crato/CE. I Colóquio do IMAGO. Universidade Regional do Cariri - URCA
EmTRÂNSITO (instalação). Crato/CE. I Colóquio do IMAGO. Universidade Regional do Cariri – URCA.
2006
Caminhos Eróticos. Crato/CE Bar e Restaurante Flor de Piqui.
Publico X. Instalação/interativa Crato-CE. Núcleo de Estudos e Pesquisas em Ensino da Arte – NEPEA/URCA.
2005
Exposição DESEJOS. Museu Histórico do Crato.
Exposição DESEJOS - Semana de Pedagogia da Universidade Regional do Cariri – URCA.
Oficinas e minicursos ministrados:
Arte e Marxismo – Universidade Regional do Cariri – URCA;
Arte e Marxismo – Centro Cultural do Banco do Nordeste – CCBNB Cariri;
O que é isso oficina de Percepção Visual. Sesc Crato;
O que é isso oficina de Percepção Visual. Universidade Regional do Cariri – URCA;
Recorte e Colagem - Centro Cultural do Banco do Nordeste – CCBNB Cariri – CE;
Recorte e Colagem - Centro Cultural do Banco do Nordeste – CCBNB Sousa –PB;
Recorte e Colagem - Universidade Regional do Cariri – URCA
Pintura em Cerâmica com reaproveitamento de peças quebradas – Cadeia Pública do Crato
A arte como apropriação da realidade – Projeto Nova Vida
A Linguagem das Intervenções Urbanas: Casos específicos do Cariri. Universidade Regional do Cariri – URCA;
Arte, espaço e vida: a questão das intervenções urbanas no Cariri. Universidade Regional do Cariri – URCA.

Contatos:
alexandrelucas65@hotmail.com


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